Os avanços no desenvolvimento da inteligência artificial (IA) têm impactado os mais diversos mercados. No entanto, de acordo com o relatório The AI-Powered Healthcare Experience, publicado neste ano pelo Silicon Valley Bank, poucos setores devem se beneficiar tanto dessa tecnologia quanto o de saúde.
Segundo o documento, nos últimos cinco anos, o uso de IA no ecossistema de saúde cresceu à medida que profissionais e investidores reconhecem o potencial da tecnologia para melhorar a eficiência administrativa e os diagnósticos de pacientes, entre outras funções.
Para Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), a IA já desempenha um papel fundamental “no diagnóstico e no atendimento clínico, no desenvolvimento de medicamentos, no monitoramento de doenças, na resposta a surtos e na gestão de sistemas de saúde”, escreveu ele no relatório da OMS sobre a tecnologia.
A promessa é de uma nova era na saúde. “O futuro da assistência médica é digital”, completa Tedros.
Educar sobre a IA é fundamental
Para chegar a esse futuro, no entanto, é preciso ter confiança na tecnologia. Para Luiz Nunes, diretor de negócios da Globant, que lidera a unidade de Healthcare and Life Science da empresa no Brasil, essa confiança só pode ser alcançada por meio de uma jornada de educação sobre a IA, tanto para players quanto para os pacientes.
“No caso de uma empresa, ela precisa entender como pode usar a tecnologia, quais resultados a IA pode trazer e porque ela deveria aderir a essas soluções. Apesar dos avanços, a indústria de saúde e farmacêutica é bastante tradicional. Por isso, mesmo que a adoção da IA seja inevitável, ela será gradual. Assim, defendemos as microtransformações durante a jornada de aprendizado sobre a tecnologia”, analisa o executivo.
No caso dos pacientes, a educação sobre a IA abre caminho para uma maior aceitação no uso da tecnologia. Especialmente porque a integração da IA em cada etapa da assistência médica permite personalizar o atendimento e torná-lo mais humanizado.
“Uma jornada de cuidado otimizada, personalizada e direta traz um melhor nível de compreensão do que a tecnologia pode fazer pelo paciente. Quando a pessoa entrar no aplicativo de sua operadora de saúde, conversar com um chatbot, falar sobre os seus sintomas e isso virar uma consulta humanizada, ela passa a entender a IA como um aliado e, consequentemente, passa a dar mais abertura para a solução”, diz Nunes.
Sistema Open Health
O uso da IA na saúde também promete trazer mais colaboração entre equipes assistenciais multidisciplinares. Com soluções integradas, pacientes, médicos e prestadores de cuidados podem ter acesso a dados de monitoramento remoto e rastreamento de comportamento, além de informações úteis como o histórico de cada paciente.
Fazendo um paralelo com a evolução do sistema financeiro dos últimos anos, Nunes explica que já existe uma discussão para a criação de um sistema Open Health, semelhante ao Open Finance, que permite ao cliente o compartilhamento de dados com todas as organizações financeiras que ele desejar.
“No caso do Open Health, a ideia é criar um sistema único para eliminar os desafios e garantir a inclusão dos pacientes. É um projeto ambicioso, mas que deve acontecer porque é uma forma de democratizar o serviço de saúde. Quanto mais dados eu tenho, mais eu consigo ajudar um paciente”, avalia Nunes.
Health Innovation Show
A expansão do uso da IA na saúde é inevitável, mas o momento ainda é de debates e discussões sobre a tecnologia, tanto sobre o potencial de aplicação quanto a regulamentações e diretrizes de uso.
Para isso, eventos como Health Innovation Show (HIS), que acontece nos dias 18 e 19 de setembro, em São Paulo, funcionam como palco para conversas e análises do avanço da tecnologia no setor de saúde.
Para continuar o debate em relação à assistência médica na era da IA, Nunes participa do talk “Eficiências Hospitalares e DRG na era da IA”, que acontece na quinta-feira (19), às 14h45.
O painel vai discutir as possibilidades da IA Generativa (GenAI) dentro do setor, juntamente com os algoritmos DRG (do inglês Diagnosis-related group, que é definido por um sistema para classificar casos hospitalares), que estão abrindo um novo capítulo na abordagem das eficiências da área de saúde. Para mais informações do evento, acesse aqui.
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