A pobreza na Argentina alcançou 52,9% da população no primeiro semestre de 2024, um aumento de 11,2 pontos percentuais em comparação ao mesmo período do ano anterior, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). O relatório foi divulgado nesta quinta-feira, 26 de setembro.
O Indec avalia a pobreza comparando a renda familiar com o custo de uma cesta básica de bens e serviços, que inclui alimentos, vestuário e transporte. No primeiro semestre deste ano, o valor dessa cesta básica girou em torno de US$ 240.
Além da pobreza, a indigência também subiu, atingindo 18,1% da população, um avanço de 6,2 pontos percentuais. O cálculo considera as famílias que não conseguem acessar bens e serviços essenciais como alimentos, vestuário, transporte, educação e saúde. A Argentina tem cerca de 47 milhões de habitantes.
O período de análise foi impactado pela implementação de ajustes econômicos promovidos pelo governo de Javier Milei.
Queda no PIB e alta na inflação
O PIB da Argentina registrou uma queda de 1,7% no segundo trimestre, em relação ao trimestre anterior, agravando a recessão econômica no país. Esse cenário econômico é atingido ainda pela inflação, que chegou a 236,7% nos últimos 12 meses até agosto, uma das maiores do mundo.
Mesmo com a redução em relação ao pico de 289% em abril, a inflação continua a pressionar a taxa de pobreza, que mais que dobrou desde o segundo semestre de 2017. Milei projeta uma redução para 18% até dezembro de 2025.
Nos primeiros meses do ano, Milei tomou medidas severas para tentar controlar os preços, como o fim do tabelamento de produtos básicos e a desvalorização da moeda. Isso resultou em um aumento nos preços de alimentos, contas de serviços e uma perda significativa no poder de compra das pessoas.
A oposição às políticas de austeridade do governo, no entanto, ameaça comprometer os esforços de controle da inflação. Recentemente, Milei vetou um projeto de lei que previa aumentos nos gastos com aposentadorias, o que gerou protestos violentos em frente ao Congresso.
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