Após quase uma década longe das telinhas, Lellê, 27, fez seu retorno na trama de “Volta Por Cima”, da TV Globo, escrita por Claudia Souto. Seu último trabalho em folhetins da emissora carioca se deu em 2015, quando integrou o elenco de “Totalmente Demais”.
Interpretando Silvinha, uma jovem herdeira, criada na Europa, a atriz celebra, em entrevista à CNN, a oportunidade de dar vida a uma personagem com a vida financeira confortável e estabelecida – característica essa ainda pouco vista e explorada por artistas negras na TV brasileira.
“Confesso que não é um papel muito comum e pouco dado para atrizes e atores negros. Acredito que estamos vivendo o início de uma nova era, com a possibilidade se ver e se assistir em outro lugar”, garante.
Apesar de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontarem que aproximadamente 56% da população brasileira é negra (sendo 45,3% pardos e 10,6% pretos), essa realidade nunca foi, de fato, refletida frente às telas.
Segundo um estudo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, entre 1994 e 2014, apenas 10% dos personagens principais eram interpretados por atores negros na Globo. Já em 2023, os números cresceram consideravelmente, com a participação de Bárbara Reis em “Terra e Paixão” e Sheron Menezzes com “Vai Na Fé”.
Em 2024, o protagonismo negro atingiu um marco histórico, com a estreia de Duda Santos em “Garota do Momento”, Jéssica Ellen em “Volta Por Cima” e Gabz em “Mania de Você”.
Para Lellê, o feito reflete o resultado de um trabalho árduo daquelas que vieram antes. “Ruth de Souza, Zezé Motta, Taís Araújo, Roberta Rodrigues e muitas outras se comprometeram em abrir as portas para nós e graças a elas estamos vivendo esse momento”, garante.
“Nosso trabalho é dar continuidade a esse movimento que não deixa de ser um espaço criado por nós com ajuda de pessoas que entendem que o mundo precisa ser inclusivo”, acrescenta.
“Fui criada para vencer”, diz Lellê
Se na obra de Souto, Lellê desfruta da realidade uma pessoa rica e bem sucedida, longe das telas, sua trajetória foi bem diferente. Conhecida na mídia após se tornar vocalista do grupo Dream Team do Passinho, em 2013, a atriz foi criada por três mulheres, após perder o pai.
“Foi ótimo para eu ter um parâmetro do que é ser mulher no Brasil. E, sem dúvida alguma, isso me trouxe uma riqueza muito grande, uma força feminina que me tornou quem sou hoje”, garante.
No entanto, a figura masculina também deixou algumas lacunas. “Quando olho para a minha criação, vejo que fui criada para vencer e que vencer sendo mulher, é uma marca que deixamos no mundo”, finaliza.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Lellê sobre interpretar herdeira criada na Europa: “Nasci para vencer” no site CNN Brasil.
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