E segue o jejum: Moove, da Cosan, posterga IPO em sinal de baixo apetite por Brasil

O início da queda de juros nos Estados Unidos não foi suficiente para aumentar o apetite dos investidores por novas empresas brasileiras.

A abertura de capital da Moove, divisão de lubrificantes do grupo Cosan, na Bolsa de Nova York, que seria precificada nesta tarde teve de ser adiada.

É uma péssima notícia para as empresas que estão na fila para acessar o mercado. Esse seria o primeiro IPO de uma companhia brasileira – na B3 ou no exterior – desde novembro de 2021.

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Inicialmente, a intenção era vender 25 milhões de ações num intervalo de US$ 14,5 a US$ 17,5 por papel.

A demanda neste intervalo estava em cerca de uma vez e meia a oferta de papéis, mas com um perfil mais voltado para hedge funds, de fundos que tem um giro muito alto de ações, segundo fontes próximas à operação.

Os fundos long-only, por sua vez, ficaram mais avessos a entrar na tese. Por mais que mais da metade da receita seja na Europa e na América do Norte, 66% do EBITDA ainda é gerado na América Latina, especialmente no Brasil.

Na tarde de hoje, os bancos coordenadores chegaram a a propor uma redução de 14% no preço mínimo da oferta, para US$ 12,5, para atrair uma base mais sólida de investidores mas ainda assim não conseguiu emplacá-la.

O plano, num primeiro momento, era avaliar a Moove a pelo menos R$ 9 bilhões – ou cerca de 8,5 vezes o EBITDA previsto para o próximo ano –, mas com o desconto proposto, o valor passaria a R$ 7,8 bilhões.

O esforço dos bancos coordenadores foi principalmente para investidores estrangeiros. Mas, cheio de pechinchas na B3, e com a indústria de fundos sofrendo com saques, os locais também não estavam muito animados com a oferta.

“A Cosan está negociando com um desconto de 30% em relação à soma das partes. Faz mais sentido entrar via Cosan do que num negócio que ninguém conhece direito”, aponta um gestor.

Ainda não está claro quando – e se – a oferta volta ao mercado. A Moove não precisava levantar capital. Na oferta, que pretendia levantar inicialmente cerca de US$ 400 milhões, apenas US$ 100 milhões iriam para a empresa. A Cosan ficaria com US$ 100 milhões, o que ajudaria na redução do seu endividamento.

A CVC Capital Partners venderia outros US$ 200 milhões, reduzindo sua fatia na companhia, hoje em 30%.

JP Morgan, Bank of America e Citi foram os coordenadores globais, num sindicato de bancos formado ainda por Itaú BBA, BTG Pactual, Santander. Goldman Sachs, Jefferies e Morgan Stanley.

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