Mil blockchains? Brasil pode se antecipar ao futuro da tecnologia

Por Lugui Tillier*

Esse movimento repentino de empresas lançando seus próprios blockchains foi recebido com ceticismo por muitos no espaço cripto, que enxergam isso como uma moda passageira.

No entanto, a realidade é que isso está longe de ser um hype. Se este ano houve a criação de centenas de blockchains, no ano que vem, milhares de novos blockchains serão criados em prol do futuro da Web3.

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Antes de discutirmos como 100 mil blockchains irão mudar os paradigmas da Web3, é necessário entender a relação entre um blockchain de primeira camada (L1) e seus blockchains de segunda camada (L2s).

Apesar de o Bitcoin ser o maior blockchain do mundo, o principal blockchain para o desenvolvimento de aplicações e produtos é a Ethereum.

A rede Ethereum é extremamente segura e descentralizada, mas é cara e pouco escalável. Por conta disso, foram criados outros blockchains que funcionam como canais de execução da rede Ethereum.

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Nessa arquitetura, a rede Ethereum é considerada um blockchain de primeira camada (L1) e as redes construídas ao redor dela são conhecidas como blockchains de segunda camada (L2).

Com isso, é criado um ecossistema de desenvolvimento onde a camada base (L1) é extremamente robusta e segura, funcionando como um banco de dados central para as camadas construídas ao redor dela, mais focadas em velocidade e redução de custos.

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Contudo, esse modelo apresenta dois grandes pontos problemáticos:

Primeiro, há a fragmentação do ecossistema Ethereum. Com o surgimento de várias L2s, a liquidez é dividida entre diferentes redes, criando uma UX completa para o usuário final e prejudicando o funcionamento de algumas aplicações.

Segundo, os custos de transação dessas L2s são instáveis e imprevisíveis, o que dificulta o desenvolvimento de aplicações nelas. Em um dia, uma transação pode custar US$ 0,01, mas, no dia seguinte, esse valor pode multiplicar por 10 devido à popularidade de um novo token congestionando a rede.

Como resultado, o ecossistema fica com liquidez fragmentada, usuários dispersos, uma experiência de uso complexa e vulnerável a ataques hacker.

Então, como milhares de blockchains resolverão esses problemas e levarão o ecossistema Ethereum e consequentemente a Web3 ao sucesso?

Embora pareça complicado, lançar e manter uma L2 hoje é extremamente rápido e relativamente barato. Empresas conhecidas como Rollup as a Service (RaaS) fazem esse trabalho e podem lançar uma L2 em até 6 minutos por menos de US$ 1 mil, como no caso da RaaS Gateway.Fm.

Além de a Gateway já ter criado mais de 2 mil blockchains, a empresa firmou uma parceria exclusiva com a brasileira Lumx para tornar esses desenvolvimentos ainda mais simples e baratos, pois todas as redes da Gateway terão acesso bonificado às APIs da Lumx.

Devido à facilidade de criar novas L2s, duas categorias de blockchains ganharam popularidade: Appchains e Sector Chains.

As Appchains são L2s criadas e personalizadas para suportar apenas uma aplicação, oferecendo um ambiente controlado com custos mais baixos e previsíveis do que construir em L2s públicas.

Os Sector Chains são blockchains, geralmente permissionadas, criadas e personalizadas para atender a um setor específico, como games e ativos do mundo real (RWA).

Sozinhos, esses ambientes já são mais adequados para o desenvolvimento on-chain financeiramente sustentável.

Mas há outro benefício: como a parte de infraestrutura pode ser terceirizada de maneira prática, as equipes por trás dessas redes podem concentrar seus recursos em times comerciais e de sucesso do cliente especializados apenas no foco de suas redes. Isso garante a criação de aplicações on-chain cada vez mais robustas e transformadoras.

Quanto à fragmentação derivada da criação de novas redes, essa questão está sendo resolvida pelas principais L2s do mercado. A Polygon, por exemplo, está construindo uma camada de agregação de liquidez a partir da tecnologia de zero-knowledge proof (ZK) que fará milhares de Appchains e Sector Chains parecerem apenas uma.

Como resultado, grandes nomes como OKX, Ronin, ImmutableX, TON e Fox Corporations já têm ou estão em processo de conectar suas L2s à Agglayer, a camada de agregação da Polygon.

Diante disso, fica claro como milhares de Appchains e Sector Chains serão cruciais para o desenvolvimento on-chain financeiramente sustentável, como as camadas de agregação zk resolverão a dor de fragmentação no ecossistema Ethereum, e como todo esse cenário é extremamente convidativo para que outras L1s migrem para o ecossistema Ethereum para aproveitar essa nova liquidez unificada e focar menos em infraestrutura e mais em adquirir e reter “killer apps” em suas redes.

*Lugui Tillier é Diretor de BizDev na Lumx.

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