NFL planeja crescimento no Brasil: executivo global revela próximos passos à EXAME

A National Football League (NFL), maior liga de futebol americano e a mais rica do mundo – superando gigantes como a Major League Baseball (MLB), a National Basketball Association (NBA) e a Premier League –, está cada vez mais empenhada em expandir sua presença no Brasil, considerado o principal mercado da América do Sul. A afirmação foi feita por Peter O’Reilly, executivo internacional da NFL, em entrevista exclusiva à EXAME.

A liga tem observado o crescimento e a paixão dos fãs brasileiros nos últimos anos, especialmente com a transmissão de jogos pela televisão e eventos como watch parties. Segundo o Ibope Repucom, o país tem a segunda maior base internacional de fãs, atrás apenas do México, com 41 milhões de pessoas, número que cresceu 310% desde 2014.

“Essa base de fãs, aliada a parcerias sólidas, tornou o Brasil o destino natural para a expansão da NFL”, afirma O’Reilly, referindo-se à primeira partida da liga na América do Sul, realizada no último dia 6, na Arena Corinthians, em São Paulo. O confronto marcou o kickoff da temporada 2024/25 e a vitória do Philadelphia Eagles sobre o Green Bay Packers.

Os ingressos, que custaram entre R$ 285,00 e R$ 2.520,00, esgotaram-se em poucas horas. Cerca de 47 mil pessoas compareceram ao estádio para assistir ao jogo, que movimentou mais de R$ 300 milhões na capital paulista, de acordo com levantamento da Embratur, com dados da ForwardKeys.

Segundo O’Reilly, a estratégia da NFL no Brasil não se limita a eventos pontuais. Além do jogo inaugural, a liga está comprometida em engajar os fãs brasileiros ao longo de todo o ano, replicando a fórmula de sucesso dos Estados Unidos. Por lá, desenvolveu a capacidade de transformar eventos fora da temporada, como o draft e o scouting combine, em grandes espetáculos e fenômenos nas redes sociais, mantendo-se sempre próxima à sua audiência.

Poucos dias antes da estreia na América do Sul, a NFL nomeou o mexicano Luis Martínez como seu primeiro gerente geral no Brasil. O executivo, que atuava como diretor de marketing e vendas no México, será responsável por liderar os negócios e a expansão da liga no país, incluindo o primeiro escritório, que será aberto ainda este ano em São Paulo, conforme informou O’Reilly à reportagem.

O objetivo principal é aprofundar o relacionamento com os fãs brasileiros e aumentar as oportunidades de engajamento com a marca NFL no Brasil. Como? Acompanhe a entrevista.

Por que a NFL escolheu o Brasil para o primeiro jogo na América do Sul?

Por que o Brasil? Eu diria que são 41 milhões de razões. Esse é o número de fãs da NFL no país, e há muito tempo estamos engajando de diferentes maneiras, ainda que sem um jogo ao vivo no Brasil. Distribuímos nossos jogos pela televisão e realizamos eventos menores, como watch parties, e ao longo dos anos, vimos o crescimento e a paixão dos fãs brasileiros da NFL.

Nos últimos anos, à medida que surgiram mais oportunidades de realizar jogos da temporada regular da NFL fora dos EUA, o Brasil sempre esteve no topo da lista. Com a segunda maior base de fãs da liga fora dos Estados Unidos, atrás apenas do México, o Brasil se destacou como próximo destino.

Para que um evento como este funcione, é essencial uma base de fãs apaixonada e grandes parceiros. Felizmente, encontramos ambos aqui no Brasil. Esses foram os principais fatores que motivaram nossa escolha.

Em termos de receita, o Brasil é um mercado relevante para a NFL?

Sim, o Brasil é muito importante para o futuro da NFL, e nosso compromisso com o país é de longo prazo. Não se trata apenas de realizar um jogo, mas de aproveitar a oportunidade para, ao longo de todo o ano, servir melhor os fãs e fortalecer nossa presença no mercado. Parte disso inclui a abertura de um escritório em São Paulo e a contratação de Luis Martinez como nosso primeiro gerente geral (GM) no Brasil.

Embora a receita e os empreendimentos comerciais sejam importantes, nossa prioridade agora é servir melhor os fãs brasileiros e criar um engajamento mais profundo. Temos observado um crescente interesse de patrocinadores e empresas de mídia pela NFL, o que reforça o potencial do mercado brasileiro, que é o número um na América do Sul para nós.

Esse é também um mercado relevante para nossas equipes, para os nossos 32 clubes. Tivemos os Eagles e os Packers por aqui, mas outras equipes de grande relevância, como o Miami Dolphins e o New England Patriots, já possuem direitos de marketing no Brasil. Esperamos que mais times sigam esse caminho no futuro, o que reforça ainda mais a importância do mercado brasileiro para a NFL.

Quantas marcas estiveram envolvidas no jogo em São Paulo?

Não posso fornecer números específicos de receita, mas acredito que tivemos mais de 14 marcas ativas em torno do jogo. Entre as grandes marcas globais com direitos no Brasil estão Budweiser, Marriott, Accenture, Visa, entre outras. Também contamos com parceiros locais de destaque, como Ambev, Perdigão e Fit Combustíveis. Essa combinação de parceiros globais e locais reforça a importância do Brasil, ativando suas marcas e criando uma forte conexão com a NFL e o público brasileiro.

Além disso, nossos parceiros de mídia desempenharam um papel importante, assim como o setor de varejo e produtos de consumo, com as lojas de varejo abertas em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde os fãs podem adquirir camisas e equipamentos da NFL. Esse impulso é real e acreditamos que a participação de marcas e parceiros só tende a crescer.

A NBA também tem feito um trabalho interessante no Brasil, que é o seu terceiro maior mercado. A NFL se inspira na liga de basquete?

Sim, aprendemos com todos. Temos um enorme respeito por outras grandes propriedades esportivas globais. Observamos o que a Fórmula 1 fez, o que os eventos globais de futebol alcançam e, claro, as Olimpíadas. Estamos orgulhosos de que o flag football, tanto para mulheres quanto para homens, agora faz parte dos Jogos Olímpicos, o que reflete nossa parceria próxima com o evento.

Há muitos esportes e ligas que realizam um excelente trabalho, e tentamos trazer o toque único da NFL para essas iniciativas. Acreditamos que nosso esporte e nossos jogos têm uma energia e uma empolgação únicas, o que os torna especiais. Aprendemos uns com os outros, sem dúvida, e temos muitos amigos em outras ligas.

A NBA no Brasil conta com eventos, escolas de basquete, lojas e até um parque temático em Gramado. Como a NFL planeja manter os fãs brasileiros engajados?

É uma excelente pergunta. Acreditamos que o primeiro passo é tornar o jogo o mais acessível possível através da mídia. Tivemos o grande jogo inaugural, mas também contamos com um importante parceiro de TV aberta, além da ESPN e da Cazé TV, que vão transmitir toda a temporada.

Outro aspecto importante são as lojas de varejo e as experiências que estamos proporcionando. Queremos, acima de tudo, conectar com os jovens fãs. Nesse sentido, haverá cada vez mais oportunidades de flag football e ativações em escolas e comunidades por todo o Brasil. Recentemente, realizamos um torneio para meninos e meninas, e isso só tende a crescer.

Trata-se de oferecer um produto consistente e duradouro, o que não é fácil para uma liga. Seja por meio da mídia, de produtos e experiências, ou da presença em comunidades, é fundamental se comprometer a longo prazo. Não adianta realizar um grande evento e não voltar. Se queremos que este mercado continue a crescer, precisamos estar presentes em todas as áreas da vida dos nossos fãs, engajando-os de forma consistente.

Diria que estou muito empolgado com o que está por vir. O jogo foi um marco, mas também apenas o começo. Queremos que isso sirva de base para construir algo ainda maior no futuro. Gostaria de agradecer a todos os fãs brasileiros, aos nossos parceiros e a todos que tornaram isso possível. Esperamos que se envolvam conosco durante toda a temporada e além.

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